Dia dois
Despertei às 3h, achando que estava atrasado para acordar, e devo ter demorado uma hora para dormir novamente… Saímos do albergue de Roncesvalles às 7h em direção a Larrasoaña, destino do dia. A mochila continuava pesada. Passamos por Burguete e todos dormiam, ainda. Ao chegar em Espinal paramos para tomar nosso café da manhã, mas precisamos esperar meia hora até abrir o único supermercado do pueblo. Às 9h entramos no primeiro supermercado espanhol que eu conheceria. É muito diferente. Comprei uma lata de atum, uma cartela de queijo daqueles com fatias embaladas e una manzana para o almoço. Bom, de supermercado só tinha o nome, pois era do tamanho de uma padaria de São Paulo. Comi meia baguete com presunto e queijo e um café com leite. Gerti me ofereceu um pedaço do Milka que comprou e me impressionei com a diferença do sabor: o daqui é muuuuito superior ao brasileiro.
Voltamos a andar. O caminho é bem mais ameno que o de ontem, mas não por isso fácil. Meus ombros e meus pés já reclamavam muito, e na metade do trajeto resolvi ficar na próxima cidade, sem saber o que me esperava.
Chegamos às 14h em Zubiri e foi paixão à primeira vista! Não andei tanto ainda pela Espanha, mas essa já virou uma das eleitas para eu me mudar. Uma ponte de pedra marcava a entrada da cidade, praticamente medieval. O albergue municipal estava fechado, então fiquei em um particular, com água quente, máquina de lavar e internet grátis!
Gerti continuou até Larrasoaña, pois tem apenas 28 dias para para chegar à Santiago. Fora que ela é maratonista, e não deve estar aguentando mais o meu ritmo de velho reumático, hehehe. Como nos separaríamos ali, trocamos e-mails e o coração apertou. É muito doido isso, andamos juntos dois dias, mas já pareciam duas décadas de convivência. Com tristeza a vi cruzar a ponte para seu destino. Ia embora minha primeira amiga do Caminho.
Arrumei minhas coisas, fiquei feliz que não havia nenhuma bolha ainda nos pés, atualizei o blog (da minha saída até hoje), tomei uma cerveja, tirei fotos e fui jantar. Na minha mesa estavam eu, Marcelo, outro brasileiro, de Porto Alegre, duas alemãs, duas americanas e um holandês. – Não havia mencionado, mas somos 7 brasileiros desde Roncesvalles. Com exceção de Marcelo, todos os outros são de São Paulo. As quatro mulheres estão fazendo o caminho pela segunda vez. – Ficamos conversando por muito tempo na mesa. Com pão e vinho à vontade no menu do peregrino, fica difícil não demorar. É muito engraçado conversar em português e inglês ao mesmo tempo, aliás, tenho falado mais inglês do que espanhol, até agora.
Eu havia deixado minhas roupas para lavar com a dona da pousada. Dividi a máquina com David, um americano bem simpático, e pagamos 2 euros para encontrar a roupa limpa e dobrada na cama. Fui dormir assim que o sol se pôs, às 22h.
Decidi andar amanhã até uma cidade antes de Pamplona. Como é domingo, o correio não estará aberto. Com isso, chegarei segunda-feira pela manhã em Pamplona para despachar uma grande parte da minha mochila para Santiago (é, existe esse serviço maravilhoso por aqui), tentar comprar um saco de dormir BEEEM mais leve, comprar o ADAPTADOR para o carregador do celular e das pilhas da digital – CLARO, isso também não aconteceu por falta de aviso, pai –, e seguir para Cizur Menor, aonde “pousarei”.
Até lá!
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