Dia Trinta e Quatro
Acordei e fui tomar banho. Não é a melhor coisa a se fazer, pois os pés úmidos podem causar mais bolhas, mas como chegamos tarde ontem, não conseguimos aproveitar a ducha maravilhosa da casa rural de Pontecampaña. Tive que usar uma bermuda de lycra como cueca, pois não tenho mais roupas limpas. Aliás, ninguém da turma tem mais roupas limpas. Precisamos urgentemente parar em algum lugar que tenha uma lavadora/secadora.
Hoje é um dia empolgante para mim e Domenico, pois haverá jogo do Brasil e da Itália. Saímos na frente de todos, e andamos muito rápido. Só uma Copa do Mundo para fazer este milagre.
Em Casanova nos despedimos da Provincia de Lugo e damos oi à Província de A Coruña, também na Galicia. Paramos em O Leboreiro para comer um bocadillo e Peter, todo feliz cantando Chega de Saudade, pediu para eu traduzi-la para ele. Enquanto eu fazia isso, ele começou a chorar copiosamente, pois não imaginava que uma melodia tão feliz podia trazer uma mensagem tão triste. Mas depois disso, ele me agradeceu, pois seu choro acabou levando embora toda a dor de seus pés.
Chegamos eu, Domenico e Peter em Melide no meio do 1º tempo de Itália X República Tcheca. Como são 5 horas de diferença de fuso, aqui o jogo começou às 16h. Paramos num bar e aguardamos os outros chegarem.
Na saída da cidade, um morador nos ofereceu um filhote de cachorro. A tentação foi grande, mas não aceitamos. O que faríamos com ele quando acabasse a viagem? Andei rápido, pois agora era a minha vez de chegar a tempo de ver o jogo. Passei todos, e superei ainda mais a dor. Chegando a Ribadiso de Baixo, achei um bar e encontrei 3 brasileiros por lá, um da Moóca, um de Novo Hamburgo e um de Brasília, mas infelizmente não lembro seus nomes. O Japão já havia feito um gol, então tirei minha bandeira da sorte da mala e logo depois o Brasil empatou. Os outros chegaram quase no começo do 2º tempo. É, eu andei rápido, mesmo!
Descobrimos que não havia mais camas no albergue, mas dava para arranjar algum lugar para dormir por lá mesmo. Compramos bocadillos e vinho no bar e fomos para o albergue andando no escuro, pois todas as nossas lanternas estavam com as pilhas fracas. Karin, Javi e Gemma dormiram na grama. Eu, Domenico, Peter e as Martas preferimos dormir numa área coberta. Dormir num chão de pedras é desconfortável, mas já estou me acostumando com essa vida…