PADRE NUESTRO PEREGRINO (ANÓNIMO)
Padre Nuestro que estás en los caminos
venga a nosotros tu aliento
y vela por nosotros los peregrinos;
hágase tu vontad
así en el calor como en el frío.
La ruta nuestra de cada día ilumínala hoy.
Auxilia nuestros desfallecimientos,
así como nosotros auxiliamos a los que desfallecen.
No nos dejes caer en la aflicción
y líbranos de todo mal.
AménPapel no quadro de avisos do albergue de Puente la Reina
Dia Cinco
Saí de Cizur Menor às 8h30, acompanhado de Fabian, a suíça. Ela é uma figura: baixinha, anda com uma bengalinha no melhor estilo “mestre Yoda” e, além do francês, fala espanhol, inglês, português e russo, que considera sua língua preferida. Quando parei para fazer um breve café da manhã, ela preferiu continuar andando. Afinal, cada um tem seu ritmo, e isso é bem tranquilo entre todos. Você não precisa andar lado a lado da pessoa o tempo todo, e os momentos solitários são bem importantes também para a cabeça funcionar.
A subida do Perdón – uma pequena lembrança de como foi duro cruzar os Pireneus. Durante a subida, conheci um alemão de longa barba branca, uma alemã e duas irmãs canadenses, Hannah e Hulla, que começaram o Caminho hoje, de Pamplona. Trajeto bem difícil, mas com a minha mochila mais leve foi perfeito. Lá no topo (foto que abre o texto), um frio absurdo, e uma descida mais absurda, cheia de pedras… Acabei pagando mais pecados e pedindo muitos perdões, hehehe.
Caminhamos juntos até Uterga, onde encontrei todos os peregrinos daquele dia tomando café. La me despedi dos irlandeses, pois eles andariam bem devagar (Tim estava com o pé machucado e foi de táxi até lá para encontrar os dois amigos), afinal têm ainda dois meses para fazer o Caminho. De lá, eu e Dean (o inglês) resolvemos fazer um desvio pelo Caminho Aragonês para conhecer Eunate, uma igreja românica construída no séc. XII, que possui vários mistérios e lendas ao seu redor envolvendo os cavaleiros templários. Dean estava com o joelho machucado, então andamos bem tranquilos entre grandes plantações de uvas. A paisagem começa a mudar conforme nos aproximamos de La Rioja, uma famosa região de vinhos espanhóis. Em Uterga chegamos até a pensar em dormir nas proximidades da Iglesia de Santa María de Eunate, para estudar mais os mistérios da construção em formato octogonal imperfeito e rodeado por uma galeria de pórticos de 33 arcos com capitéis adornados, mas ao chegar, por algum motivo que não soubemos explicar, nós dois resolvemos continuar os 4 km até Puente la Reina. Em Obanos, a 2 km de nosso destino, paramos para tomar algo gelado. Assim que pedi uma Mahou, de sabor semelhante à San Miguel e também muito boa –, me toquei que havia esquecido de pegar o e-mail dos irlandeses. Quando disseram que andariam mais devagar, eu devia ter imaginado que seria impossível nos encontrarmos novamente…
Eunate & eu: Eu, Nate
No albergue de Puente la Reina encontramos Hannah e Hulla, Fabian, Marcelo, Robert e Katrin (o holandês e a alemã que conheci no jantar em Zubiri) e muitos outros rostos conhecidos dos outros dias, os quais ainda não tivemos oportunidades para conversar. Lavei roupa, tomei banho e fui dar uma volta pela cidade. Isso acontece muito no Caminho de Santiago: você anda o dia inteiro, e assim que chega em algum lugar, faz o quê, é claro que sai para passear, afinal, o que são uns passos a mais depois de tantos quilômetros? 😀
Quando voltei, Dean disse que havia pedido para a hospitaleira se podia ficar mais um dia por lá, para descansar o joelho em frangalhos, e ela aceitou. Parabenizei seu sucesso, pois eu sabia quão fraco era seu espanhol e mesmo assim se fez entender para convencê-la. É, mais uma despedida no Caminho. Isso é muito estranho… todos vão ao mesmo lugar, mas muitas pessoas vêm e vão, passam sem dizer oi, ou dizem oi e se tornam amigos para sempre, até a separação. As amizades e irmandades são muito intensas no Caminho.
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