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05/06/06 – Población de Campos até Carrión de los Condes

André Lasák junho 05, 2016 Há 10 anos

Dia Dezoito

Depois de uma noite fria entre as estrelas de Población de Campos, acordei um pouco resfriado. Tomei outro antigripal e comecei a arrumar as coisas para o que parecia ser uma segunda-feira bem preguiçosa. Tomei um café com todo o sossego do mundo e fui o último a deixar o albergue. Andei devagar, pois meus pés me matavam. Depois de meia hora de caminhada comecei a escutar alguém cantando ao longe. Ao identificar a música – I Feel Good – já sabia que era Bethany chegando com o passo apressado. Saquei o kazzoo e acompanhei a cantoria enquanto ela passava por mim, até sua voz sumir na minha frente.

Parei em Villarmentero de Campos para descansar em um bar que tocava Simon & Garfunkel em um tipo de canto gregoriano. Enquanto eu atualizava o meu diário apareceu Rasmus, também preguiçoso. Tomamos umas cervejas e seguimos viagem.

O pé direito de um All Star, dentro de uma gaiola, na parede externa do bar em Villarmentero de Campos
O pé direito de um All Star, dentro de uma gaiola, na parede do bar em Villarmentero de Campos

Um dia muito chato para caminhar. Entre os pueblos temos uma infinita estrada reta (foto que abre esta publicação), e a cada 100 m temos totens com a concha para indicar o Caminho. Um saco. A primeira vez que vemos essa cena é realmente lindo, mas quando você sai do pueblo e vê a mesma cena, a estrada, os totens, a torre da igreja do próximo pueblo ali na frente, você se sente em cima de um vinil riscado, um déjà vu, uma falha na Matrix. O outro pueblo está logo ali à frente, mas andamos e andamos e nunca chegamos. Talvez eu tenha entrado no mesmo universo paralelo da minha travessia pela cidade de Burgos – ou aqui é o inferno, mesmo: a mesma estrada, ad aeternum. Para passar mais rápido, Rasmus sacou seu violão, eu adaptei o kazzoo para virar uma gaita e tocamos por mais de meia hora o “Blues do Caminho”.

Em Villalcázar de Sirga, encontramos Robert dormindo no banco de uma praça e ele foi acordado com o nosso blues. Ficamos conversando um pouco e resolvemos almoçar ali para aproveitar a sombra. Depois de um tempo, ouvimos um “oi” e, quando viramos, era Marcelo! A última notícia que tínhamos dele era que ficara dois dias em Logroño e havia desistido de caminhar para não estragar o joelho. Ele disse que ficou realmente dois dias por lá, mas doente. Resolveu continuar mesmo assim, tomando antibiótico por mais uns dias. Seu ritmo era bem mais rápido que o nosso, pois nos alcançou 10 dias depois. Ele dormiria por aqui, hoje, pois já andara 30 km. Gemma também nos encontrou na praça e tirou uma foto do reencontro:

Villalcázar de Sirga (da esq. pra dir.): eu, Marcelo, Robert e Rasmus
Villalcázar de Sirga (da esq. pra dir.): eu, Marcelo, Robert e Rasmus

Eu e Rasmus seguimos mais 6 km até Carrión de los Condes pela mesma estrada infinita com os totens a cada 100 m e a torre da igreja lá ao fundo, que nunca chega: a mesma estrada, ad infinitum. A primeira coisa que há na entrada da cidade é uma praça gramada e uma sombra convidativa. Caímos ali e dormimos por uma meia hora com as pernas em cima das mochilas. Ao acordar resolvi ir atrás do albergue, já Rasmus decidiu ficar mais uma horinha por ali e seguir até a próxima cidade.

Ninhos de cegonhas em Carrión de los Condes
Ninhos de cegonhas em Carrión de los Condes

O primeiro albergue estava lotado, e no outro encontrei Robert, Karin, Gemma e Milan. Quando fui ao supermercado, reencontrei Rien, Maria, e Rachel e Ali, duas americanas que estudam no Novo México, que eu já havia visto uns dias atrás. De volta ao albergue, jantei com Robert e Karin e fui dormir às 21h10, antes do sol se pôr, cansado e com os pés em pobres frangalhos.

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André Lasák

Redator-peregrino. Viciado na arte da letra. Na construção das palavras. Na musicalidade das frases. Na remissão dos pecados. Na vida eterna. Amém.

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